“A Rede de Sementes do Xingu é uma das iniciativas socioambientais que mais crescem na bacia do Rio Xingu, no estado de Mato Grosso. Em 2010, comemora quatro anos de vida com mais de 300 famílias de coletores em 19 municípios e sete aldeias indígenas, que complementam sua renda através da coleta, beneficiamento e comercialização de mais de 200 espécies nativas da Amazônia e do Cerrado. Para acompanhar esse crescimento e atender a grande procura por sementes nativas para os trabalhos de restauração florestal, a rede lançou seu site oficial nesta segunda-feira, dia 4 de outubro.” (do boletim da Campanha Y Ikatu Xingu)
O endereço eletrônico da rede – www.sementesdoxingu.org.br – traz um banco de imagens de sementes nativas e permite contato direto com os coletores.
A Rede de Sementes do Xingu é uma das iniciativas socioambientais que mais crescem na bacia do Rio Xingu, no estado de Mato Grosso. Em 2010, comemora quatro anos de vida com mais de 300 famílias de coletores em 19 municípios e sete aldeias indígenas, que complementam sua renda através da coleta, beneficiamento e comercialização de mais de 200 espécies nativas da Amazônia e do Cerrado. Para acompanhar esse crescimento e atender a grande procura por sementes nativas para os trabalhos de restauração florestal, a rede lançou seu site oficial nesta segunda-feira, dia 4 de outubro.
Banco de sementes
A região da bacia do Rio Xingu abriga uma enorme biodiversidade de espécies vegetais, dos biomas Cerrado e Amazônia, além de algumas espécies endêmicas, isto é, que só existem nesta região. Parte dessas espécies nativas são comercializadas pela Rede de Sementes do Xingu e agora podem ser vistas no site com foto, nomes popular e científico, informações sobre seu crescimento e dicas de plantio.
Através do site, pessoas de todo o Brasil poderão encomendar as sementes nativas do Xingu, mediante um cadastro de associação à rede e ao pagamento de taxas de entrega. Porém, devido à grande demanda atual, as próximas encomendas só poderão ser feitas para entrega em 2011.
O animador da Rede de Sementes do Xingu, Nicola Costa, biólogo do Instituto Socioambiental (ISA), uma das organizações que articulam o trabalho, conta que a encomenda para o próximo ano já é de 32 toneladas. “Tivemos um aumento expressivo na procura por sementes este ano. Nos últimos quatro anos, a rede produziu 25 toneladas de sementes, agora, teremos que entregar 32 toneladas apenas para atender aos trabalhos de restauração florestal que serão realizados em 2011 na região”.
Esse aumento de demanda é atribuído ao reconhecimento do trabalho da rede e a popularização do plantio mecanizado de florestas, conforme explica Eduardo Malta, responsável pelos trabalhos de restauração florestal do Instituto Socioambiental. “Muitos produtores rurais da região nos procuram porque precisam restaurar suas Áreas de Preservação Permanente (APPs). Nós utilizamos a técnica do plantio mecanizado de sementes nativas, feito com o mesmo maquinário usado para plantar soja, milho e pasto. O plantio de sementes acaba ficando bem mais barato que o plantio de mudas e é mais prático para grandes áreas. Além disso, o resultado fica mais parecido com uma boa regeneração natural”.
Números da Rede de Sementes do Xingu – 300 famílias de coletores de sementes – indígenas, agricultores familiares, assentados rurais e viveiristas |
Restauração florestal: sementes das mãos para a terra
A Rede de Sementes do Xingu foi criada em 2007 justamente para atender a demanda por sementes nativas dos projetos de restauração florestal realizados pelas instituições envolvidas na Campanha Y Ikatu Xingu, na bacia do Rio Xingu.
O plantio mecanizado de florestas, técnica aprimorada e aplicada pela equipe do Instituto Socioambiental, exige uma grande quantidade de sementes nativas. Foi daí que surgiu a idéia de contar com o auxílio de coletores. “Quando a rede foi criada, nós nem imaginávamos que ela poderia crescer tanto assim. Era apenas uma iniciativa socioambiental que atenderia nossa necessidade de sementes. Hoje, essa atividade garante renda para diversas pessoas e se tornou um negócio rentável e próspero. Os pedidos crescem a cada mês”, conta Nicola.
Em cinco anos de trabalho, as organizações envolvidas na Campanha Y Ikatu Xingu colocaram em processo de restauração mais de dois mil hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais em propriedades rurais de 14 municípios mato-grossenses, por meio de condução de regeneração natural, plantio de mudas e semeadura direta de sementes.
Os coletores de sementes
Uma das coisas que mais chama atenção na Rede de Sementes do Xingu é a diversidade cultural dos coletores. São índios, agricultores familiares, viveiristas e assentados rurais que vieram de diversas partes do país e estão hoje se profissionalizando na coleta e beneficiamento de sementes nativas para comercialização em escala. O perfil e o contato de cada participante também está disponível no site da rede, na página “coletores da rede”.
Potencial econômico
O preço das sementes é calculado com base em três critérios: raridade da espécie, dificuldade para coletar a semente e para fazer a sua limpeza e beneficiamento. O valor do quilo das sementes nativas varia entre R$ 0,50 e R$ 300,00, dependendo da dificuldade para encontrá-las e beneficiá-las. Considerando que a média paga por quilo é R$ 10,00, a produção de sementes para 2011, que já está em 32 toneladas, deverá gerar mais de R$ 320 mil para os coletores.
Parceiros da rede
A lista de apoiadores e parceiros da Rede de Sementes do Xingu também é bastante diversa – Instituto Ventura, Comunidade Européia, Fundações Rainforest da Noruega, Blue Moon, Stichting Doen, ICCO, USAID, Escola de Idiomas Yázigi, Instituto HSBC Solidariedade e Fundo Nacional do Meio Ambiente.
As instituições diretamente ligadas à execução do trabalho são: Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto Socioambiental (ISA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Associações indígenas Moygu, dos Ikpeng; Yakiô, dos Panará; Yarikaiu, dos Yudjá; AIK, dos Kisêdjê; Associação Terra Viva (ATV), Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção (ANSA), Associação Estrela da Paz, Associação dos Produtores Rurais da Gleba Entre Rios (Aproger) e Grupo Casadão.