CD de Histórias e Músicas
Histórias
1. O Sábio e o Rei | 10m25s |
2. A Ilha de Bornéu | 5m13s |
3. O Pote rachado | 2m52s |
4. Estrelas do mar | 1m57s |
5. O mundo e o Homem | 2m32s |
6. A águia e as galinhas | 2m21s |
7. A menina e o sábio | 2m49s |
8. O vestido azul | 3m19s |
9. O Velho e a castanheira | 59s |
10. O vaso cheio | 2m50s |
Músicas
11. Saga da Amazônia (Vital Farias) |
7m35s |
12. Xote ecológico (Luiz Gonzaga e Agnaldo Batista) Interpretada por: Trio Forrozão |
2m51s |
13. Banana (Joyce) | 4m17s |
14. Grande Poder (Mestre Verdilinho) Interpretada por: Comadre Florzinha |
2m35s |
15. Matança (Jatobá) |
4m05s |
16. Devoção a Amazônia (Zé Pinto - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) |
4m35s |
17. Tema da Juréia / Quem foi? (Doroty Marques e as crianças) |
4m17s |
18. Amazônia a Deus (Keila Diniz) |
4m15s |
19. Não jogue lixo no chão (Vital Farias) Interpretada por: Dércio e Doroty Marques e a Escola da Criança |
2m37s |
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Letras das Músicas
A saga da Amazônia
Vital Farias
“Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra
A marca de sangue dos seus mortos e a certeza de luta de seus vivos”.
Era uma vez na Amazônia, a mais bonita floresta
Mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
No fundo d’água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
E os rios puxando as águas.
Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores
Os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
Sorria Jurupari, Uirapuru, seu porvir
Era: Fauna, Flora, Frutos e Flores.
Toda mata tem Caipora para a mata vigiar
Veio Caipora de fora para a mata definhar
E trouxe dragão de ferro, pra comer muita madeira
E trouxe em estilo gigante, pra acabar com a capoeira.
Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar
Pra o dragão cortar madeira e toda mata derrubar:
Se a floresta meu amigo tivesse pé pra andar
Eu garanto meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá.
O que se corta em segundos gasta tempo pra vingar
E o fruto que dá no cacho pra gente se alimentar??
Depois tem o passarinho, tem o ninho, tem o ar
Igarapé, rio abaixo, tem riacho e esse rio que é um mar.
Mas o dragão continua a floresta devorar
E quem habita essa mata pra onde vai se mudar???
Corre índio, seringueiro, preguiça, tamanduá
Tartaruga, pé ligeiro, corre-corre Tribo dos Kamaiura
No lugar que havia mata, hoje há perseguição
Grileiro mata posseiro só pra lhe roubar seu chão
Castanheiro, seringueiro já viraram até peão
Afora os que já morreram como ave-de-arribação
Zé de Nana tá de prova, naquele lugar tem cova
Gente enterrada no chão:
Pois mataram o índio, que matou grileiro, que matou posseiro
Disse um castanheiro para um seringueiro que um estrangeiro roubou seu lugar
Foi então que um violeiro chegando na região
Ficou tão penalizado e escreveu essa canção
E talvez, desesperado com tanta devastação
Pegou a primeira estrada sem rumo, sem direção
Com os olhos cheios de água, sumiu levando essa mágoa
Dentro do seu coração.
Aqui termino essa história para gente de valor
Pra gente que tem memória, muita crença, muito amor
Pra defender o que ainda resta sem rodeio, sem aresta
Era uma vez uma floresta na linha do equador.
Xote Ecológico
Luis Gonzaga e Agnaldo Batista
Não posso respirar
Não posso mais nadar
A terra está morrendo
Não dá mais pra plantar
Se plantar não nasce
Se nascer não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar
Cadê a flor que estava aqui
Poluição comeu
E o peixe que é do mar
Poluição comeu
E o verde onde é que está
Poluição comeu
Nem Chico Mendes sobreviveu
Banana
Joyce
Manga, caju, maracujá, sapoti
Fruta de conde, genipapo, graviola, açaí
Jaca, pitanga, amora e abacaxi
Não há terra generosa como as terras daqui
Banana de tudo que é feitio e feição
Goiaba dentro é vermelha igual ao meu coração
É doce, é maduro, é triste, é meio arredio
Meu coração dá de tudo, igual ao chão do Brasil
Paca, tatu, cotia não, jaboti
Tem sabiá, tem curió, uirapuru, juriti
Bicho do mato agora pode sair
É um tiro só e a morte é doce como as frutas daqui
Grande Poder
Mestre Verdilinho
REFRÃO
O nosso Deus corrige o mundo
Pelo seu dominamento
Sei o que a terra gira
Com o seu grande poder
Grande poder, com o seu grande poder
A terra deu, a terra dá, a terra cria
Homem, a terra tira, a terra deu, a terra, ah
A terra voga, a terra dá o que tirar
A Terra acaba com toda má alegria
A terra acaba com o inseto que a terra cria
Nascendo em cima da terra, nessa terra há de viver
Vivendo na terra, que essa terra há de comer
Tudo que vive nessa terra, pra essa terra é alimento
Deus corrige o mundo pelo seu dominamento
A terra gira com o seu grande poder
Grande poder, com o seu grande poder
REFRÃO
Porque no céu a gente vê uma estrelinha
Aquela estrela nasce e se põe às seis horas
Quando é de manhã, aquela estrela vai embora
Tem uma maior e outra mais miudinha
Tem uma acesa e outra mais apagadinha
Seis horas da noite é que pega a aparecer
Quando é de manhãzinha, ela torna a se esconder
De noite ela brilha em cima do firmamento
Porque Deus corrige o mundo pelo seu dominamento
A terra gira com o seu grande poder
Grande poder, com o seu grande poder
REFRÃO
O homem planta um rebolinho de maniva
Aquela maniva com dez dias tá inchada
Começa a nascer aquela folha orvalhada
Ali vai se criando aquela obra positiva
Muito esverdeada, muito linda e muito viva
Em baixo cria uma batata que engorda e faz crescer
Aquilo dá farinha pra todo mundo comer
E para toda criatura vai servir de alimento
Deus corrige o mundo pelo seu dominamento
A terra gira com o seu grande poder
Grande poder, com o seu grande poder
REFRÃO
Matança
Jatobá
Cipó caboclo ta subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato da imburana
Descansar morrer de sono na sombra da barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal mata atlântica e a próxima amazônica
Arvoredos seculares, impossível replantar
Que triste sina teve o cedro nosso primo
Desde menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da sucupira
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona, porta, armário
Mora no dicionário vida eterna milenar
Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde da sombra
O ar que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas, bom lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar
É caviúna, cerejeira, baraúna,
Imbuia, pau d’arco, solva, juazeiro e jatobá
Gonçalo-alves, paraíba, itaúba
Louro, ipê, paracaúba, peroba, massaranduba
Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro,
Catuaba, janaúba, arueira, araribá
Pau-ferro, angico, amargoso, gameleira,
Andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá.
Devoção a Amazônia
Zé Pinto
“Não sou apenas o índio que perdeu sua taba na curva da estrada que o trator abriu
Quando arrancou mãe floresta, quebrou minha flecha, deturpou minha festa e quase ninguém viu
Não quero esse lero lero de quem diz não posso, coitado, ai de mim
Se a Amazônia dá um grito, nós gritamos juntos e rezamos assim
Ave ave santa árvore, pai nosso do palmital
Pão nosso do santo fruto, ribeirinho enfrenta o mal
Do homem que trás a cerca, planta capim, faz curral
Amparado num projeto de violência brutal
Onde o humano é esquecido e o boi querido é o tal”
Oh! Amazônia cuidado com o pé do boi
Chico já disse e ninguém mais se esqueceu
O latifúndio traz miséria, acaba, mata, incendeia, desacata milenares filhos teus 2x
Se expulsarem o seringueiro meu amigo
Pense comigo a seringueira vai chorar
É sua estória, companheira, é sua amiga
E ela percebe que ele sabe preservar
Muita tristeza no tombo da castanheira
Pro castanheiro é quase morrer de dor
Ver destruída sua eterna companheira
Por um projeto que ele não testemunhou
E como fica onça pintada, arara azul
Paca, cotia, piriquito, porco espinho
O jacaré, traíra, boto e lambari
Pede socorro com seu choro jacamim
Chega de longe uma falsa ecologia
Mas essa fria seu projeto já mostrou
Imperialismo vem escrito na cabeça
Não tem magia quem não conhece o amor
Levanta o índio, junte aos outros companheiros
Vamos ligeiros contra a força desse mal
Fazer corrente em toda América Latina
A causa é nobre e a luta é internacional.
Tema da Juréia / Quem foi?
Doroty Marques e as crianças
O sagüi destruiu a mata do Brasil (2x)
Quem eu? Você! Eu não.
Então quem foi?
A preguiça.
A preguiça destruiu a mata do Brasil (2x)
Quem eu? Você! Eu não.
Então quem foi?
O tucano.
O tucano destruiu a mata do Brasil (2x)
Quem eu? Você! Eu não.
Então quem foi?
A cobra.
A cobra destruiu a mata do Brasil (2x)
Quem eu? Você! Eu não.
Então quem foi?
O tatu.
O tatu destruiu a mata do Brasil (2x)
Quem eu? Você! Eu não.
Então quem foi?
O mico leão.
O mico leão destruiu a mata do Brasil (2x)
Quem eu? Você! Eu não.
Então quem foi?
O homem.
Amazônia a Deus
Keila Diniz
Oh inferno de paraísos exóticos e infinitas magias do amor
Suas veias barrentas explodem nas caldeiras dos paus
Suas veias derramam venenos, seus filhos clamam ao céus 2x
Levantem nações poderosas dos filhos do sol
O vinho sagrado é o sustento dos guerreiros da paz
Amazônia eu te entrego a Deus, adeus, adeus 2x
Revejo tuas verdes matas
Quanto brilho, quanto lixo, adeus, adeus, a Deus
Toma conta dela, por favor
Amazônia vais partir, vou partir, adeus, adeus, adeus
Amazônia eu te entrego a Deus 2x
Toma conta dela, por favor
Levantem nações poderosas dos filhos do sol
O vinho sagrado é o sustento dos guerreiros da paz
Amazônia eu te entrego a Deus, adeus, adeus
Revejo tuas verdes matas
Quanto brilho, quanto lixo, adeus, adeus, a Deus
Amazônia eu te entrego a Deus 2x
Toma conta dela, por favor 2x
Não jogue lixo no chão
Vital Farias
REFRÃO
Não jogue lixo no chão
Chão é pra plantar semente
Pra dar o bendito fruto
Pra alimentação da gente
O peixe que sai do rio
O amor que sai do peito
A água limpa da fonte
Um sentimento perfeito
REFRÃO
A terra que tudo cria
Não pede nada de mais
Ser tratada com carinho
Para vigorar a paz
Não jogue lixo no chão
Nem rios, lagos e mares
A terra é nossa morada
Onde habitam os nossos pares
REFRÃO
A natureza é quem cria
O amor imediatamente
Milagre que faz da vida
Bendito fruto do ventre
Se queres sabedoria
Aprenda isso de cor
A terra é a mãe da vida
Útero, ventre maior
Narração:
Karla Martins, Ivan de Castela e Fabiana Mongeli Peneireiro
Trilha sonora:
Antúlio Madureira: Instrumental – Teatro, Perré-Bumba;
José Eduardo Gramani: Mexericos da Rabeca;
Dora Mendonça, Sandra Peres e D. Lina de Morais: Cantigas de Roda;
Raízes Caboclas: Melhores Momentos 15 anos;
Raíces de América: Seleção de Ouro 2.
Edição:
Wagner Lucena; Maria Fernanda Schoenenberger; Neiva Nara Brana Lins; Renata Zambello de Pinho e Tadeu Melo da Silva.
Agradecimentos especiais:
a todos os artistas que gentilmente cederam suas músicas para enriquecer essa obra educativa e a Daniel Pimentel (Arte - Capa).